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terça-feira, 14 de julho de 2009

Porteiro do Puteiro.

Porteiro do Puteiro.

Não havia no povoado pior ofício do
que 'porteiro do puteiro'.
Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?
O fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não
tinha nenhuma outra atividade ou ofício.
Um dia, entrou como gerente do puteiro um jovem
cheio de idéias, criativo e empreendedor, que decidiu
modernizar o estabelecimento.
Fez mudanças e chamou os funcionários para as
novas instruções.
Ao porteiro disse:
- A partir de hoje, o Senhor, além de ficar na
portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará
a quantidade de pessoas que entram e seus comentários e
reclamações sobre os serviços.
- Eu adoraria fazer isso, Senhor - balbuciou -
mas eu não sei ler nem escrever!
- Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não
poderá seguir trabalhando aqui.
- Mas Senhor, não pode me despedir, eu
trabalhei nisto a minha vida inteira, não sei fazer outra
coisa.
- Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada
pelo Senhor. Vamos dar-lhe uma boa indenização e espero que
encontre algo que fazer. Eu sinto muito e que tenha sorte.

Sem mais nem menos, deu meia volta e foi
embora. O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que
fazer? Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma
cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.

Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação
até conseguir um emprego. Mas só contava com alguns pregos
enferrujados e um alicate mal conservado.

Usaria o dinheiro da indenização para comprar
uma caixa de ferramentas completa. Como o povoado não tinha
casa de ferragens, deveria viajar dois dias em uma mula para
ir ao povoado mais próximo para realizar a compra.

E assim o fez. No seu regresso, um vizinho
bateu à sua porta:
- Venho perguntar se você tem um martelo para
me emprestar.
- Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele
para trabalhar ... já que....
- Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.

- Se é assim, está bom.
Na manhã seguinte, como havia prometido, o
vizinho bateu à porta e disse:
- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque
você não o vende para mim?
- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do
mais, a casa de ferragens mais próxima está a dois dias mula
de viagem.
- Façamos um trato - disse o vizinho. Eu
pagarei os dias de ida e volta mais o preço do martelo, já
que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?

Realmente, isto lhe daria trabalho por mais
dois dias...aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou. No seu
regresso, outro vizinho o esperava na porta de sua casa.

- Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso
amigo. Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a
pagar-lhe seus dias de viagem, mais um pequeno lucro para
que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para
viajar para fazer compras. Que lhe parece?

O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e
seu vizinho escolheu um alicate, uma chave de fenda, um
martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E nosso amigo
guardou as palavras que escutara: 'não disponho de tempo
para viajar para fazer compras'.
Se isto fosse certo, muita gente poderia
necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas. Na
viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro trazendo
mais ferramentas do que as que havia vendido.

De fato, poderia economizar algum tempo em
viagens. A notícia começou a se espalhar pelo povoado e
muitos, querendo economizar a viajem, faziam encomendas.

Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez
por semana viajava e trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e
alguns meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e
transformou o galpão na primeira loja de ferragens do
povoado.
Todos estavam contentes e compravam dele. Já
não viajava, os fabricantes lhe enviavam seus pedidos. Ele
era um bom cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados
vizinhos preferiam comprar na sua loja de ferragens, do que
gastar dias em viagens.
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era
torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as
cabeças dos martelos. E logo, por que não, as chaves de
fendas, os alicates, as talhadeiras, etc..

E após foram os pregos e os parafusos... Em
poucos anos, nosso amigo se transformou, com seu trabalho,
em um rico e próspero fabricante de ferramentas.

Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.
Nela, além de ler e escrever, as crianças aprenderiam algum
ofício. No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe
entregou as chaves da cidade, o abraçou e lhe
disse:
-É com grande orgulho e gratidão que lhe
pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua
assinatura na primeira página do Livro de atas desta nova
escola.
- A honra seria minha - disse o homem. Seria a
coisa que mais me daria prazer, assinar o Livro, mas eu não
sei ler nem escrever, sou analfabeto.
-O Senhor?!?! - disse o prefeito sem acreditar.
O Senhor construiu um império industrial sem saber ler nem
escrever? Estou abismado. Eu pergunto:
- O que teria sido do Senhor se soubesse ler e
escrever?
- Isso eu posso responder - disse o homem com
calma. Se eu soubesse ler e escrever... ainda seria o
PORTEIRO DO PUTEIRO!!!


Geralmente as mudanças são vistas
como adversidades. As adversidades podem ser bênçãos. As
crises estão cheias de oportunidades.
Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste
energia com o confronto, procure as janelas.

Lembre-se da sabedoria da
água:
'A água nunca discute com seus obstáculos, mas
os contorna.'
Que a sua vida seja cheia de vitórias, não
importa se são grandes ou pequenas, o importante é comemorar
cada uma delas´
'Não há comparações entre o que se
perde por fracassar e o que se perde por não
tentar.

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